Juíza que brincou ao rever preso em audiência teve postura humana e firme, diz Associação de Magistrados
11/09/2025
(Foto: Reprodução) Juíza dá risada ao reencontrar preso em audiência de custódia
A Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (Asmego) afirmou em nota que a juíza Mônica Miranda, que deu risada após reencontrar um preso em uma audiência de custódia e dividiu opiniões na internet, equilibrou a firmeza e o respeito à dignidade humana. No texto de apoio à magistrada, a associação destacou que a conduta "não retira a seriedade do ato" (confira o pronunciamento completo ao final do texto).
"A postura cordial da magistrada não retira a seriedade do ato, mas traduz o equilíbrio entre firmeza judicial e respeito à dignidade da pessoa humana, princípios que norteiam a magistratura", pontuou a Asmego.
A juíza atua em Inhumas, na região central de Goiás. Na audiência, que ocorreu em maio deste ano e circulou nas redes sociais na última semana, Mônica reconheceu um dos investigados e riu da situação (veja acima). Ela destacou o fato de o preso estar passando por uma sessão novamente.
✅ Clique e siga o canal do g1 GO no WhatsApp
"Estou vendo aqui, Kaique. Você de novo?! Ê, menino! Se você fosse meu filho... Me ajuda a te ajudar", disse a magistrada. Em outro trecho da gravação, ela continuou a conversa de forma descontraída e fez referência ao advogado do suspeito. "Me ajuda a ajudar o doutor, coitado. Ele nem consegue dormir mais", brincou.
Em nota ao g1, o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) informou que não comenta manifestações de magistrados em processos específicos. O órgão explicou que "as audiências de custódia não têm por objetivo julgar o mérito da acusação. Sua finalidade é verificar a legalidade da prisão, avaliar eventuais ocorrências de maus-tratos ou tortura e assegurar o respeito aos direitos previstos na legislação".
LEIA TAMBÉM:
ENTENDA: Juíza dá risada ao reencontrar preso em audiência de custódia e brinca: ‘Você aqui de novo?’; vídeo
REPERCUSSÃO: Juíza que brincou e deu risada ao reencontrar preso em audiência de custódia divide opiniões; vídeo
OUTRO CASO: Advogado leva tapa no rosto durante audiência em Goiás; vídeo
Juíza de Goiás que interagiu de forma descontraída com preso dividiu opiniões nas redes sociais
Reprodução/TV Anhanguera e Instagram do g1 Goiás
Decisão de liberdade
O preso que aparece durante audiência de custódia estava preso por porte ilegal de arma de fogo, segundo o TJ-GO. De acordo com a capitã Waleska Faria da Polícia Militar, que publicou o vídeo no Instagram na segunda-feira (8), o jovem mencionado pela juíza tem duas passagens criminais por homicídio, além de uma por tráfico de drogas.
O texto assinado pela juíza Patrícia Carrijo, presidente da Asmego, ressaltou que a liberdade concedida ao custodiado ocorreu após um pedido do Ministério Público de Goiás (MP-GO). "Após o Pacote Anticrime (Lei n.º 13.964/2019), o juiz não pode decretar prisão preventiva de ofício, limitando-se a decidir conforme requerimento das partes, em estrita observância à lei", diz a nota.
A associação mencionou ainda que "decisões judiciais são técnicas e não podem ser julgadas por recortes de vídeos ou interpretações descontextualizadas".
Repercussão
Após a repercussão do caso nas redes sociais, alguns internautas entenderam que o comportamento da juíza serviu como uma forma de "humanizar" o investigado, enquanto outros acreditam que foi uma "quebra de decoro".
"Total falta de decoro e respeito à formalidade do ato, ao rito. Falta de respeito às partes e ao Judiciário", comentou homem. "Queremos mais juízes assim! Tratamento humanizado, tentando ressocializar o moço. Tratando-o como humano. Esse é o caminho", afirmou um seguidor.
Nota da Associação dos Magistrados do Estado de Goiás
A Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (ASMEGO) manifesta apoio à magistrada cuja atuação em audiência recentemente repercutiu nas redes sociais.
A liberdade concedida ao custodiado decorreu de pedido expresso do Ministério Público. Após o Pacote Anticrime (Lei n.º 13.964/2019), o juiz não pode decretar prisão preventiva de ofício, limitando-se a decidir conforme requerimento das partes, em estrita observância à lei.
A postura cordial da magistrada não retira a seriedade do ato, mas traduz o equilíbrio entre firmeza judicial e respeito à dignidade da pessoa humana, princípios que norteiam a magistratura.
Decisões judiciais são técnicas e não podem ser julgadas por recortes de vídeos ou interpretações descontextualizadas.
A ASMEGO reafirma sua confiança na independência e responsabilidade da magistrada, bem como em todos os juízes e juízas de Goiás, que diariamente enfrentam desafios complexos para assegurar justiça à sociedade.
Patrícia Carrijo
Presidente Asmego
Juíza de Goiás dá risada ao reencontrar preso em audiência
Reprodução/TV Anhanguera
📱 Veja outras notícias da região no g1 Goiás.
VÍDEOS: últimas notícias de Goiás